"Continuo lutando porque estou vivo" (David Ianomami)
Pela primeira vez no Brasil, o dia reservado para homenagear o indígena de Pindorama (nome original do país antes da chegada dos portugueses), ganhou neste ano o nome de Dia dos Povos Indígenas, resultado da organização dos nossos hermanos espalhados em mais de 300 povos, cada um com sua cultura e diversidade, mas unidos na sua condição de povos originários, ancestrais mais antigos de todos nós brasileiros. É interessante essa passagem do Dia do índio (instituido em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas) para Dia dos Povos Indígenas, pois passa a idéia de que antes se homenageava o indígena como ser isolado, na sua individualidade. Ao passo que, hoje, predomina o senso do coletivo, de povos unidos, apesar da diversidade, por laços de formas semelhantes de valores comunitários, de cuidados com a Mãe Terra, e a necessidade de manterem seus territórios tradicionais, até mesmo por uma questão de sobrevivência das suas culturas. A subida do cacique Raoni, na rampa do Palácio do Planalto, junto a representantes do povo, na posse do presidente da República, em janeiro deste ano, não é meramente simbólica. Mostra o protagonismo cada vez maior dos povos indígenas sobre suas próprias vidas. A própria mudança de Dia do Índio para Dia dos Povos Indígenas, nasceu de um projeto da deputada índigena Joênia Wapichana, que chamou atenção para a importância dessa troca. A palavra índio já carrega o peso de ter sido o nome usado pelos colonizadores para nomear os povos que já habitavam aqui, quando aportaram nas costas da Bahia. Além da necessidade de nos solidarizarmos com os povos indígenas nas suas lutas por defesa dos seus territórios ancestrais e da sua cultura, um outro motivo muito importante de nos somarmos às lutas dos hermanos, emerge hoje, com as ameaças de destruição das florestas, dos rios, da fauna, de aquecimento global. E os povos indigenas se colocam como principais protagonistas nessa defesa, por conta dos seus costumes e hábitos e o sentimento de pertencimento à Mãe Terra. Ajudá-los nas suas demandas é ajudar na própria sobrevivência do planeta, na manutenção da vida. Nós da Nação Pachamama, que tem como valor maior a manutenção e valorização da Vida em todas as suas manifestações, nos irmanamos com os povos indigenas, na sua data e em todos os dias, suas lutas e demandas são nossas também, no sentido de apoio e comunhão de propósito de cuidar da nossa Casa Comum. Queremos expressar nosso apoio à derrubada do Marco Temporal que traz prejuízos à questão da demarcação das terras indigenas, e dizer que contem com a gente da Nacion Pachamama na defesa dos seus territórios e modos de viver. Não ao Marco Temporal! Pela Demarcação das Terras Indígenas! Pela valorização das culturas índigenas e sua contribuição para um Brasil mais justo e feliz
Zulema
Foto:Araquém Alcântara
Esme
Photo
Kris