"Enquanto a ignorância ambiciosa reger a sociedade, a indignação consciente seguirá sendo um farol de tormentas."
Nós, do movimento Nación Pachamama, unimos nossas vozes e repudiamos o desgoverno Bolsonaro e todos os atos coniventes que levam adiante o extermínio da Amazônia, do povo pobre, do simples, do bom de coração, da nossa esperança e bem-viver. Denunciamos este projeto genocida que existia desde sua campanha e que foi agravado e escancarado com a política do abandono e desmonte do sistema de saúde e dos instrumentos de proteção ao meio ambiente durante a pandemia de covid-19.
O modo de pensar e a antiética nefasta por trás dos poderes políticos empenham-se diariamente em destruir e vender ao capital os verdadeiros tesouros do nosso país: nossa juventude negra e indígena, a diversidade de identidades e fé do nosso povo, a natureza e seus seres sagrados, os rios, as florestas, os mares, e a nossa garra e alegria. Por isso, mais do que nunca, é preciso identificar o capitalismo como uma doença crônica da nossa sociedade e lutar diariamente contra o supremacia das classes dominantes. A decadência do mundo atual e a ameaça que a espécie humana representa ao todo empurra-nos a criar possibilidades de vida livres de venenos sociais e ambientais. Precisamos distinguir entre necessidades inventadas e o real, o essencial para a vida.
Entre notícias falsas e o desengano, escolhemos o simples e o real. A vida é real. Sua beleza, seu equilíbrio, sua diversidade, sua profundidade, sua interdependência são reais, assim como o vírus, a fome e os problemas socioambientais também são. Buscamos um horizonte, uma resposta ao tempo de obscuridade e confusão que estamos vivendo, a partir da experiência diária da vida em comunidade e de um movimento grupal que nasce da sabedoria ancestral que nunca foi totalmente perdida e que está viva e resiste agora. O saber que honra a Vida como uma grande Mãe, como nos ensinam as abuelas e os abuelos da humanidade. Uma reverência que não nasce do interesse na matéria-prima que ela nos brinda, mas do reconhecimento de que somos parte de um organismo único e consciente: Pachamama.
Não estamos perdidos. Sabemos o que fazer. Basta! Precisamos parar. Precisamos cuidar de Pachamama, precisamos dar de comer uns aos outros, precisamos criar meios para que todo ser humano viva com dignidade e desenvolva-se plenamente, precisamos fortalecer o modo de cultivar a terra com amor e não com interesses, e transformar a sociedade do consumo, pois a vida vem sendo tratada como mercadoria, a natureza como recurso e os seres humanos como força de trabalho para o lucro. Se há fome no mundo, não é porque não haja comida, senão porque não é rentável dar de comer a quem não tem dinheiro. Basta! É iminente a geração de modelos de sociedades ecossocialistas e a renovação dos contratos sociais, baseando-os na bondade e no amor mútuo para criar saídas a este sistema injusto e ultrapassado. Nos negamos a viver uma vida medíocre, sobrevivendo de sobras e com medo.
Nación Pachamama é um movimento espiritual que se pergunta como a humanidade poderá criar uma revolução que seja rítmica, circular e democrática. O que sabemos é: as conquistas sociais nunca chegaram sem luta. A vida comunitária é o nosso rumo e a Terra é e sempre será nossa principal inspiração. Que o amor à Pachamama, o trabalho comunitário, a bondade para compartilhar o pão e a ousadia em criar realidades alimentem a insurreição de La Madre Tierra Pachamama.
Fraternalmente,
Movimento Nación Pachamama